Marianna estava tão ansiosa, que mal conseguiu dormir direito naquela noite. Tudo que ela queria, é que o dia seguinte chegasse logo para se encontrar com o Loiro da janela. Um loiro que agora tinha uma voz e um nome também: Altair.
Sempre quando esperamos por um momento, parece que a coisa se arrasta mais do que o normal. Marianna acordou de hora em hora, quando finalmente conseguiu pegar no sono, seu velho rádio relógio ligou em sua estação preferida: eram cinco horas da manhã. Naquele ano de 2003 as pessoas ainda tinham e usavam rádio relógios.
Cantarolando Marianna entrou no banheiro e tomou um banho demorado. Ao invés de escolher uma calça jeans e uma blusa preta, ela optou em ir trabalhar de vestido. Um lindo vestido azul estampado com pequenas flores, amarrado por dois laços, um em cada ombro. Os cabelos cacheados, que quase sempre estavam amarrados, foram lavados e ficaram soltos.
Nunca em sua vida, a hora do almoço demorou tanto para chegar. O endereço que Altair havia lhe passado por telefone, estava anotado em sua agenda. Só não entendeu porque teria que ir antes das catorze horas, em breve desvendaria aquele mistério.
Altair havia dito no telefone, que o endereço ficava ao lado do bar do João. Mas Marianna nunca tinha ouvido falar no bar do João. Perguntou para o pessoal do trabalho, se alguém já tinha ido nesse lugar.
- Nós sempre vamos lá Marianna. Só que não chamamos o lugar de Bar do João, chamamos o Bar de Choris. Falou Wagner.
- Então o que significa Choris para vocês? Perguntou Marianna.
- Chouriço. Lá eles servem um chouriço divino. Assim apelidamos o Bar com esse nome. Lá é frequentado por um monte de jovens roqueiros e tatuados. E umas garotas que ficam se beijando. Cheio de rapazes lá e as meninas se beijando. Comentou Tom.
- Tem gosto prá tudo. Uns gostam de chouriço, outros gostam de meninas. Filosofou Wagner.
- Eu não tenho nada contra chouriço. Só acho o gosto um pouco forte. Falou Marianna.
- Só pode ir quem tem tatuagem. Você tem uma tatuagem nas costas Marianna, dá para ver. Ainda mais você usando esse vestidinho azul. 'Tá' mal intencionada, hem?! Brincou Tom.
- Bem, intencionada vocês querem dizer. Que mal há, em uma mulher se vestir de mulher, só um pouco para variar? Eu tenho tatuagem sim, mas não vou nesse bar, vou na galeria ao lado. Até mais pessoal.
Marianna saiu e seu coração parecia que ia sair pela boca. Imaginou o tipo de diálogo que teria com o Loiro da janela.
Assim que chegou na esquina, pode visualizar Altair, parado na porta da galeria, conversando com um rapaz. Ele estava vestido todo de preto, com os cabelos loiros soltos, bem maiores do que os cabelos de Marianna. Assim que ele a viu, sorriu para ela. Um sorriso lindo, que fez o coração de Marianna derreter, como um picolé em pleno verão. Havia algo no olhar de Altair, que fez com que Marianna tivesse a impressão, de já ter visto aquele rapaz antes. Como se já o conhecesse de outro tempo. De outras vidas.
- Oi tudo bem, eu sou a Marianna.
- Muito prazer, vamos entrar? Depois a gente conversa. Falou Altair dirigindo-se para o rapaz com o qual conversava.
Assim que Marianna entrou na loja, um arrepio percorreu todo o seu corpo. A loja era toda preta, em estilo gótico, repleta de roupas nem um pouco convencionais: espartilhos, vestidos, saias, coturnos. Tudo muito dark. Havia uma escada em formato de caracol, que conduzia a uma espécie de sobreloja. Num pequeno canto, uma pick-up rolando um vinil do The Cure: "The head on the door". A música era "The Blood". Marianna se lembrou de seu amigos Betos, que adoravam Cure. Aquele era um bom sinal.
- Então você é a moça que fica me espionando da janela?
- Sou eu sim.
- Você por acaso, sabe quem atendeu o telefone?
- Nem imagino.
Um silêncio constrangedor emergiu entre os jovens. Marianna parecia não acreditar no que estava ouvindo.
- Não vai me dizer que você é...
- Casado? Essa é a palavra que você quer dizer?
- Mas não tem nenhuma aliança na sua mão! Foi a primeira coisa que eu vi em você, depois do seu cabelo, é claro.
- Tem esse anel de prata, com essa caveira incrustada. Sou alérgico a ouro. Ontem quando você ligou, foi minha esposa quem atendeu o telefone.
- Então Altair, me desculpa tomar seu tempo. Eu vou embora, porque nunca me envolvi com homens casados.
E virou as costas. Nesse instante, Altair segurou o braço de Marianna e disse:
- Nunca diga nunca. Prá tudo tem a primeira vez na vida.
Altair puxou Marianna para si e beijou sua boca. Um beijo intenso ao som do The Cure. Marianna tentou se soltar, mas o desejo falou mais alto. Seu corpo falou mais alto. A mulher dentro de si, gritava querendo loucamente aquele jovem desconhecido. Como uma espécie de filme antigo na TV.
Altair trancou a loja, fechou as cortinas e levou Marianna escadas acima. Na parte superior havia um pequeno ateliê de costura, com uma enorme bancada e uma cadeira. Altair beijou Marianna mais e mais. Ela pode sentir o volume crescendo dentro de sua calça. Seu membro que pulsava por Marianna. Ela subitamente, para facilitar as coisas e aplacar logo aquela ansia de um pelo outro, puxou os dois lacinhos nos ombros que amarravam seu vestido. O vestido azul deslizou pelo corpo de Marianna e foi parar no chão. Altair ficou fascinado com a beleza daquele corpo moreno só de calcinha. Com um gesto doce, ele arrancou a calcinha de Marianna e beijou todo o seu corpo.
- Como você é linda e cheirosa.
Altair tirou a calça e Marianna o fez sentar-se na cadeira.
- Senta aqui. Ordenou Marianna.
Marianna pegou a bolsa, tirou um preservativo e o colocou no rapaz. Em seguida, ela se sentou por cima dele. Subiu e desceu, várias vezes em movimentos rápidos. Altair sugava seus seios, fazendo com que Marianna gemesse. O orgasmo veio fácil para ela. Ele gozou logo em seguida.
- Eu estava precisando muito disso. Desabafou Marianna. É uma pena que nós nunca mais vamos nos ver.
- Como assim? Perguntou incrédulo Altair.
- Eu li uma vez em uma revista, que a Madonna só transa no terceiro encontro. Que tipo de cara, vai querer ficar com uma garota que transou com ele assim de primeira?
- Só um cara doido, iria deixar uma morena assim escapar. Agora que eu te achei, nunca mais vou te perder.
- Quem te achou fui eu. Nunca se esqueça disso.