Marianna beijou Fernando e achou seu beijo muito bom. Apesar de ser deficiente físico, Fernando tinha uma "pegada", que fez Marianna tremer. Marianna se desculpou por ter dado aquele beijo em Fernando. Mas sua cabeça estava a mil. O mais importante agora era rever Killer.
Marianna estava determinada a visitar Killer na cadeia. Mesmo tendo sido preso por tráfico de drogas, Marianna não se importava, pois ele era seu amigo. As pessoas erram. O mais provável, pensava ela, era que seu ex-velho amigo se fascinou com a possibilidade de ganhar muita grana em pouco tempo. Se iludiu com o dinheiro fácil. Talvez se eles não tivessem se afastado, Killer jamais teria entrado em uma encrenca dessas, pois Marianna teria impedido que ele se envolvesse com pessoas ruins. Talvez os outros velhos amigos não tivessem sido mortos também. Talvez... No fundo Marianna sabia que isso era uma ilusão. Pois ainda não existia uma máquina do tempo capaz de fazer as pessoas voltarem atrás e tentarem consertar seus erros.
O mais difícil para Marianna foi ter que dizer para sua mãe que iria na cadeia visitar seu velho amigo. Como Killer tinha sido pego pela polícia com uma grande quantidade de maconha, eles o levaram para uma delegacia de polícia cívil. O ano era 1997 e o crak ainda não tinha feito tantas vítimas, como nos dias de hoje.
A mãe de Marianna esperneou e deu um show. Falou que iria ficar triste. Que Marianna iria se arrepender. Mas todas as palavras foram inúteis. Afinal sua mãe foi a grande responsável pelo fim da amizade da filha com os garotos da DPT. Mas Marianna conhecia Killer, sabia que ele não era uma pessoa ruim, bem no fundo ele era um cara bom, que nunca teve muitas oportunidades na vida. Ele não era um assassino, como seu apelido queria dizer. Ele era apenas mais um jovem pobre, fruto de uma sociedade mesquinha, fruto de um lar destruído: o pai de Killer bebia muito e um dia sua mãe cansou daquela vida, largou os filhos com o pai e sumiu no mundo. Killer era o filho do meio de cinco irmãos. Seu nome verdadeiro era Márcio.
Marianna saiu de casa e foi até a delegacia. Como estava muito ansiosa, chegou uma hora antes do horário de visita. Chegando lá Marianna mentiu e disse que era prima de Killer, então foi colocada em uma sala com outras cinco mulheres, que visitavam seus maridos. Mal sabia ela, o que estava para vir. A policial feminina pediu que as seis mulheres tirassem a roupa toda. Um por uma, as mulheres tiveram que agachar, pois poderia haver drogas escondidas em suas partes íntimas. Enquanto isso outra policial revistava as roupas das mulheres. Marianna sentiu tanta vergonha, que quase chorou. As outras mulheres pareciam estarem acostumadas com aquilo, que nem olhavam umas para as outras. Depois elas se vestiram e foram introduzidas para dentro do pátio da delegacia.
Marianna jamais vai se esquecer da cena: Haviam quatro celas que caberiam no máximo dez pessoas em cada uma delas. No entanto haviam aproximadamente uns cem homens amontoados como bichos, havia também um monte de roupas penduradas em um varal improvisado e um odor desagradável de urina e fezes. Marianna pensou como eles faziam para dormir, comer e tomar banho. Ela ficou tão atordoada que pensou que fosse desmaiar e que nunca iria encontrar Killer no meio de tantos homens, que a comiam com o olho. Depois de um tempo que pareceu uma eternidade, Marianna finalmente conseguiu localizar seu amigo. Ele veio até ela sorrindo. Só aquele sorriso valeu tamanha humilhação pela qual ela acabara de passar. Bem de perto Marianna pode enxergar uns piolhos andando na cabeça de Killer, mas não disse nada.
- Que bom que você veio me ver Sereia (era assim que ele a chamava). Disse Killer. Você trouxe cigarro para mim?
- Nnnnão. Só tenho meu maço aqui, mas você pode ficar com ele se quiser. Gaguejou Marianna. Nem passou pela minha cabeça que você precisava de alguma coisa. Só queria te ver. Depois que Fernando me contou que os outros morreram e que você estava aqui, resolvi te ver.
- E sua mãe deixou você vir?
- Deixar ela não deixou, mas eu vim assim mesmo.
- Que bom! Ninguém veio me ver. Minha mãe nem sabe se estou vivo ou morto. Minhas irmãs devem estar tristes pra caramba.
- Você deveria ter pensado nelas antes de se envolver com isso! Esbravejou Marianna. Desculpa! Mas é triste ver você aqui. Lembra quando íamos na Feirinha? Quando tomávamos todas? E agora, você está aqui privado de sua liberdade, por causa de maconha Killer.
- Mas eu vou sair e vou mudar. Nunca mais vou querer saber de maconha. Eu juro!
- Você não precisa jurar nada para mim. Eu vou embora. Te cuida!
Marianna foi embora e prometeu para si mesma que nunca mais voltaria ali. Afinal seu dever estava cumprido: Fez uma boa ação ao visitar seu amigo. Depois sentiu raiva de si mesma e impotente por não ter como tirar seu amigo dali. Pensou em encontrar Fernando. Fernando e seu beijo incrível.
bom texto vc é um ótima escritora...
ResponderExcluirBia,
ResponderExcluirEstou acompanhando seu livro. Sim, não tenho dúvida de que estou diante de um livro muito envolvente. Você já imprimiu um ritmo à leitura, já definiu a personalidade de personagens, e o mais interessante , a protagonista começa a viver dilemas. Ela está diante a todo tempo de situações até então que a obrigam a quebrar tabus... Uma história interessante, que conforme você narra e justifica cada ação, fica fácil de entender o que se passa na cabeça de Marianna!
COntinua, tá muito bom isso!
http://estacaoprimeiradosamba.blogspot.com/
Ótimo blog
ResponderExcluirparabéns ae cara
abraçs.
www.levelgamed.blogspot.com
o sentimento de impotencia eh o pior q existe
ResponderExcluirabraços
belo texto
belo post. passarei aqui pra ler as novas desventuras de Marianna.
ResponderExcluirestou te seguindo.
obrigada por visitar o meu. beijs
http://cfsarinha.blogspot.com/
cheio de intrigas...muito interessante o texto...
ResponderExcluirBom texto, mas eu ainda acho que pode melhorar. Está uma narrativa com linguagem de sinopse;
ResponderExcluirTrata-se de uma linguagem atemporal, porém interessante. Foge um pouco dos padrões da narrativa, ao se referir às pessoas da terceira posição do plural como se fossem do singular.
ResponderExcluirseu post está mto bom, assim como o seu blog
ResponderExcluirparabéns
venha nos visitar tmbm e comente
gostando siga e avise no comentário
deixando o link para retribuirmos
http://mikaelmoraes.blogspot.com
Mais um capítulo de uma história que parece bem próxima de todos nós... Triste e verdadeira. Estou acompanhando daqui.
ResponderExcluirBacana... Só evite repetir o nome dela a toda hora... rs
ResponderExcluirBeijos!
Repetir o nome dela é proposital!
ResponderExcluirsuper interessante sua História, um pouco triste , mas bem chamativa
ResponderExcluirhttp://medicinepractises.blogspot.com/
daora o seu blog
ResponderExcluirhttp://planetahuumor.blogspot.com/
CADEIA É O AMOOOR!!
ResponderExcluirÉ raro encontrar textos em que pessoas com algum tipo de deficiência física sejam citadas, ainda mais dando beijos e tendo "pegada". Aliás, é raro ver esses cidadãos em novelas, peças de teatro, enfim... o seu texto é um ato político poderoso, por romper com alguns clichês e estereótipos sociais. Bravo!
ResponderExcluirF.
Muito bom o texto, eu gostei!
ResponderExcluirAliás, você escreve muito bem...E deu pra perceber que os nomes foram repetidos propositalmente.
Gostei daqui, estou seguindo!
Se puder, dá uma passada lá no meu.
Um beijo, M!sunderstood
Bia, me interessei pelo Fernando, porque não descreve ele melhor no próximo post?!
ResponderExcluirA droga destrói vidas, as pessoas viram bicho quando usam crack. Chegou a ver o profissão repórter sobre a cracolândia?
Isso me deixou muito chocada, que a gente permita esse tipo de realidade acontecer e não tomar nenhuma providência.
Bia, gostei muito do seu blog, se quiser trocar link, estarei a sua disposição.
Beijos e fica com Deus!
http://www.milampert.wordpress.com
Pensei que já tinha um novo capitulo.... TO aguardando...
ResponderExcluirTexto muito legal, parabéns
ResponderExcluirNossa... a história se complicou nos últimos capítulos... Muito bom!
ResponderExcluir;D
muito bom a história, vc escreve muito bem! parabéns!!!
ResponderExcluirinsveste nisso de verdade!
Adorei mesmo o texto *-* É triste o texto,a pessoa vendo com os próprios olhos onde o amigo foi parar e não poder fazer nada pra ajudar!
ResponderExcluirlol,otimo post,otimo texto
ResponderExcluirwww.euridicas.blogspot.com
blog muito legal
ResponderExcluirPelo que pude entender o post faz parte de uma estória maior... mas comentando o post em especial: muito bem escrito, infelizmente muito real e triste.
ResponderExcluirminha nossa, eu consegui imaginar todos os passos, sentir todas as palavras na alma.
ResponderExcluirwww.preguicaalheia.blogspot.com
ResponderExcluirParabéns pelo blog!!
ps.: estou te seguindo!
Abraço,
P.A.
_______________________________
www.preguicaalheia.blogspot.com
Gostei do seu conto,
ResponderExcluirsegue em frente!
Valeu!
O sentimento é grande, mas eu prefiro o Fernando do começo. "Mas sua cabeça estava a mil".
ResponderExcluirAbraço! ;)
http://anpulheta.blogspot.com
Mto legal o texto! Vc escreve vem, virei mais vezes aqui para ver essas aventuras! Visite o meu blog tb! Tb escrevo mtos texos ^^
ResponderExcluirhttp://heliofilhoo.blogspot.com/
Bjos =*
Estava eu lendo seu texto, e de cara percebi que ele era continuação de outro, então fui até o primeiro post.. Adorei a historia até o atual capitulo!
ResponderExcluirvou continuar acompanhando!
[Te seguindo]
;D
Tchê, realmente prefiro um aleijado a um fardo da sociedade, desses que são tão cultuados e clamados por serem "gatões".
ResponderExcluirMa vejamos, creio que este seja somente um capítulo de algo maior, estou certa?
Por via das dúvidas, irei procurar o "suposto" restante da história no seu blog.
Yakimishi, prefiro o termo deficiente físico.
ResponderExcluirExistem tantos tipos de deficiência que não podemos ver. Deficiência de caráter, deficiência financeira, deficiência política entre outras tantas!
nossa. gostei muito do seu post. voltareimais vezes para ver as historias de Mariana ^^
ResponderExcluirparabens.
hum...espero a continuação...vai ter ne...muito bom o texto...
ResponderExcluircomo estou há um tempo sem ler sobre a Marianna estou meio por fora do que está acontecendo, mas gosto da forma como escreve.
ResponderExcluirParabéns pelo post.
Passando de novo aqui só pra te agradecer, Bia. Obrigada pelo elogio. Seja sempre bem vinda!
ResponderExcluirDá vontade de ver uma série ou novela com essa historia, de tão boa que é!
ResponderExcluirPra falar das coisas simples do coração: http://s2ois.blogspot.com
Gostei... parabéns pelo blog.
ResponderExcluirSeguirei.
>D
Imagino que a realidade de Killer seja a mesma de muitos jovens que foram presos recentemente na operação no Complexo do Alemão, aqui no Rio. Porém, é dever do Estado punir. Imagina se todas as pessoas sem condições resolvessem virar traficantes ou se meterem com drogas? Emprego existe, mas nem todos dão rios de dinheiro e respeito assim.
ResponderExcluirwww.teoria-do-playmobil.blogspot.com
Olá! Gostei muito do Seu Blog! Parabéns!
ResponderExcluirJá estou lhe seguindo, e aproveitando para divulgar
os meus sites...
Abraços!
Siga-me,
Tem sorteio de Natal por lá!
http://www.martas-bgfs.com
http://www.brilhosgifs.com
Sentir que não é capaz é uma das piores coisas...
ResponderExcluirhttp://projetosdeumlouco.blogspot.com/
O sorriso do amigo valeu à pena ir até à Cadeia.
ResponderExcluirA sensação de não poder fazer nada é muito triste ...
Abração do amigo "Calcanhar" aqui.
Seus posts dão para escrever um livro.
ResponderExcluiracompanhando esse conto aí
ResponderExcluir[b]COMENTE NA NOSSA RETROSPECTIVA DE FINAL DE ANO>> POSTS[/b]
[i]Qual vc mais gostou?[/i]
\/
http://mikaelmoraes.blogspot.com/2010/12/recesso-do-blog-retrospectiva-2010-02.html
\/
Sigo quem me seguir
- Basta avisar no comentário DEIXANDO O SEU LINK
Rsrsrs, meu namorado não tem a mão esquerda e tem uma pegada que me faz tremer.
ResponderExcluirReli o post e o meu comments... acho que foi uma das primeiras vezes que comentei aqui.... massa!
ResponderExcluir