Patrícia a mais nova amiga paulista de Marianna ficou com Elias, o Hippie da ONG. Valéria mais quietinha não ficou com ninguém, mas nem por isso deixou de se divertir, com toda música, choconhaque e pinga da bruxa.
Mas como “alegria de pobre dura pouco”. As férias de Marianna chegaram ao fim. Ela Patrícia e Valéria foram embora juntas. Pegaram um ônibus até Três Corações e de lá cada uma partiria para um lado. Dentro do ônibus cantavam "Teatro dos Vampiros".
- Essa rodoviária é muito pequena. Só tem cinco plataformas. A de BH vai até a letra H. Falou Marianna.
- Só? A de Sampa tem mais de 100 plataformas de embarque. Isso é, apenas uma das rodoviárias. Disse Valéria.
- Mas São Paulo é a principal cidade do país, de lá partem pessoas para todos os lugares. É lá onde acontecem também os melhores Shows e apresentações de Teatro. Aliás, o eixo São Paulo – Rio é onde o Brasil acontece. Fico pensando nos outros estados do Brasil, lá para o lado do Nordeste, deve ter muita coisa boa acontecendo por lá, mas a mídia não divulga, só quando acontece alguma tragédia. Respondeu Marianna.
- Mari, vou sentir muita falta de você. Você é muito legal. Estava escrito que a gente ia se conhecer e eu tenho certeza que um dia vamos nos encontrar. Afirmou Patrícia.
- Nada é por acaso. Também vou sentir muita falta de vocês. Mas a gente pode se comunicar através de e-mail. Falou Marianna.
- E o César? Perguntaram em coro Valéria e Patrícia ao mesmo tempo.
- O que é que tem ele? Falou Marianna.
- Você vai mandar e-mail para ele também? Perguntou Valéria.
- Vou. Mas sem compromisso algum. Relacionamentos a distância não são fáceis de administrar. Ponderou Marianna.
- Eu vou voltar para ver o Elias, peguei até o número dele. Eu senti com ele assim, algo que não consigo explicar. Tenho esperança que um dia ficaremos juntos. Falou Patrícia.
- Vocês formam um lindo casal. Disse Valéria.
- Eu tenho certeza que esse namoro vai render e muito...Profetizou Marianna.
De fato Marianna estava certa. Patrícia voltou lá várias vezes, até o casal decidir a hora de morarem juntos. Hoje eles vivem São Thomé das Letras vendendo seus artesanatos, tocando a ONG “Brilho de Luz” e tem até uma filha.
Passou o resto das férias em casa e novamente chegou o dia de voltar para o trabalho. Sua rotina continuou a mesma. Aliás, não havia rotina. Cada dia em seu emprego era único. Seu trabalho consistia em visitar diversos clientes, em especial Hospitais, quer seja com o carro da empresa, quer seja de ônibus. Havia poucos carros, para muitas visitas a serem feitas. Em geral um motorista a levava nos lugares mais distantes. Marianna não era habilitada e não se preocupava em aprender a dirigir. No entanto começou a ouvir rumores, de que a direção da empresa pensava em substituir a frota terceirizada por veículos próprios que seriam dirigidos pelos próprios empregados responsáveis pelas visitas aos clientes.
As mesmas visitas que eram feitas na capital, também tinham que ser feitas no interior do estado. Marianna teve a oportunidade de conhecer diversas cidades: Patos de Minas, Juiz de Fora, Barbacena, Ubá, Montes Claros, Jaíba. Marianna conheceu pessoas que tinham um passado muito pior do que o dela. Pessoas que haviam sido trancafiadas em Hospitais nos anos 60, 70, 80 não por serem doentes mas, por serem diferentes do que a Sociedade pré-julgava e não entendia: Epiléticos, mães solteiras, homossexuais. Se a pessoa não era louca, acabava ficando.
Quando viajava, ficava a semana inteira fora de casa, voltando apenas na sexta-feira à noite. Quando terminava seu trabalho, ia até a Praça central das cidades, sentava-se num bar e pedia um refrigerante (era muito deprimente tomar uma cerveja sozinha). Via as mães com os filhos uniformizados, tomando um sorvete ou brincando nas praças e sentia uma certa inveja por não poder aproveitar seu filho, como as mães que não trabalhavam. Ou até mesmo, como as mães que trabalhavam quatro ou seis horas por dia. Mas Marianna precisava trabalhar, afinal ela trabalhava desde muito cedo e não imaginava sua vida sem o trabalho.
Uma vez por mês, havia um encontro de vários técnicos de diversos hospitais e Marianna sempre estava lá. Num desses encontros conheceu Lau:
- Onde você mora Marianna?
- Eu moro na cidade "X".
- Que engraçado eu também moro lá, moro no Bairro "S".
- Mas esse é o meu bairro!
- Que coincidência. Só falta você falar o nome da rua.
- Não acredito em coincidências, tudo tem um "Porquê". Moro na Rua "H", no último quarteirão.
- Somos quase vizinhos então, porque eu moro uma rua abaixo, na rua "A", passa lá uma hora para tomar um café, assim você conhece minha esposa Beatriz e minha filha Carolina.
A moça que tomava conta do filho de Marianna teve que mudar de repente. Da noite para o dia, não havia nenhuma pessoa de confiança para olhar seu bebê. Foi então que eu conheci Marianna. Ela bateu na minha porta em um domingo à noite, estava chovendo, ela carregava o pequeno Bruce no colo, que tinha apenas onze meses. Ela bateu no meu portão procurando pelo meu marido.
- Ô de casa!
Eu surgi no portão.
- Quem é você.
- Boa noite. Eu sou Marianna. Eu poderia fala com o Lau?
- Boa noite, me chamo Beatriz. Entra, tá chovendo muito aí fora, o Lau está no banheiro.
Marianna usava um vestido preto estampado com flores brancas, o cabelo preto anelado estava solto recém lavado com cheirinho de xampu. Ela era muito bonita, magra, olhos verdes. Confesso que senti um pouco de ciúmes com aquela menina linda parada no meio da minha sala, carregando um bebê no colo. Bruce dormia um sono inocente no colo da mãe, alheio a tudo.
- Sente-se por favor. Pedi.
Nesse momento Lau saiu do banheiro.
- Oi Marianna, que surpresa, o que aconteceu, você está pálida.
- Acontece que a moça que olhava o Bruce, se mudou, sem me avisar, eu não tenho com quem deixar meu filho. Eu vim aqui, para pedir que a sua esposa olhasse ele para mim. Pelo menos provisoriamente.
- Mas você nem me conhece...
- Não te conheço, mas conheço o Lau, sei que ele é do bem. Então você também deve ser. Eu tenho que trabalhar e não conheço ninguém com quem poderia deixá-lo. Caso contrário terei que levá-lo para casa da minha mãe.
Havia desespero na voz de Marianna, quando citou a mãe. Eu também sou mãe, por isso pensei e falei:
- Eu fico com ele para você, pelo menos provisoriamente.
- Ai Bia, posso te chamar assim.
- Pode. Todos me chamam assim mesmo.
- Muito obrigada. Jesus te abençoe. Respondeu Marianna com os olhos marejados em lágrimas.
- Não precisa chorar. "No final tudo dá certo".
- Eu estou chorando de alegria, sou muito emotiva e choro à toa. Aliás, se eu te contar minha vida você chora.
- Adoro ouvir histórias...
ISSO DÁ LIVRO... FILME... SEI LÁ! ÓTIMA HISTÓRIA.
ResponderExcluirhttp://thebigdogtales.blogspot.com
Encerra-se então o desfecho. Acompanhei varias destas aventuras e me senti lá ! pensei que vc tambem ia voltar pr São Tomé mais me enganei. Estes momentos inesqueciveis são alicerces importantes para a construção da identidade do individuo. Voltei muito da escola cantando "o teatro dos vampiros".Sinto que ess geração não vai ter as mesmas escolhas que tivemos, e fico triste por isso.
ResponderExcluirte vejo lá no blog !
beijo
Adorei a história, bem interessante, bonita e bem contada. Consiga viajar um pouco, no bom sentido, é claro, pois sou de SP e vou muito para Minas pois minha namorada é de lá e sei o quanto é duro um relacionamento a distância. Mas é o que sempre digo, se tem sentimento verdadeiro é o que basta para que as distâncias seja só e apenas físicas e geográficas.
ResponderExcluirOutra coisa que me chamou a atenção na história é sobre as pessoas que ela conheceu em suas visitas. Esse momento do texto me fez lembrar da história do Alienista, de Machado de Assis, que trabalha em uma espécie de hospício e cuida de pessoas consideras doentes, como se a loucura fosse uma doença diagnosticada pela sociedade e que por isso fosse motivo para que as pessoas sejam isoladas já que essa sociedade não admite ou aceita o diferente demais.
Parabéns pelo blog
abcs
Que imaginação. Romancista de mão cheia!
ResponderExcluirInté...
Quantas vezes vou ter que repetir : Não é imaginação...é tudo real...
ResponderExcluirAfinal hoje não é 1º de abril...
Foi uma boa iía a do Lilo, poderia dar um filme... rsrrs
ResponderExcluirhttp://vivaiona.blogspot.com/
Hoje já me surpreendi no começo, quando você mencionou Legião Urbana e uma das minhas músicas preferidas. Quanto ao desenrolar da história, já disse muitas vezes, mas repito, você nos faz viajar. As imagens ajudam muito, mas se você não souber conduzir a história não adianta nada.
ResponderExcluirParabéns pelo texto!
o que posso dizer , gostei ... serio , numa boa se é de fato sua ( ñ estou duvidando , ok ?) deveria pensar mesmo em publica -las , tem alguns serviços novos (nem tanto ...) na internet que da um certo apoio a escritores so ñ mim lembro do link agora , mas é so pesquisar , gostei mesmo !
ResponderExcluirIdeias em rede
Tambem acho , poderia da um filme
ResponderExcluirFINALMENTE VIU MARIANA...
ResponderExcluirNooossa Gostei muito, e até viajei por essa cidade lindaaa. uma bela historia muito bem contada e elaborada. parabéns mesmo.
ResponderExcluirAconteceu o encontro enfim!!!
ResponderExcluirAgora é esperar pra ver o desenrolar da história. Certamente não é o final. Marianna precisa e merece um final feliz, né? Tem muita vida pela frente aí!...
Meu deus, me senti um filme cult (: haha
ResponderExcluirRealmente eu concordo com a parte em que diz que só divulgam o eixo Rio-SP. Apesar de morar no sul e sempre lembrarem da gente, na verdade as maiores noticias daqui são sobre as inundações de SC, churrasco do RS e contrabandos de coisas do PY em Foz do Iguaçu aqui onde moro no PR. Nosso Brasil é tão grande e tão pouco explorado.
Temos aqui uma blogueira-escritora ou uma escritora-blogueira? Mesmo sendo real como você afirma, você escreve com arte, aproximando a realidade da literatura, por isso acham que é criatividade. Sinta-se elogiada!
ResponderExcluirMuito legal, texto bem elaborado e sem dúvidas criativo e empolgante, esperanto a continuação... =D
ResponderExcluirAbraço
Cara! seu blog é muuuuito lindo :S
ResponderExcluirvocê escreve mega bem, adorei.
http://stes3.blogspot.com/
Gostei muito bela história,é mesmo real?
ResponderExcluirMuito bom ;)
Q legal!
ResponderExcluirMuitooo boom!
parabéns!
Puxa... agora tem que fazer um conto onde apareça um cenário tão belo quanto esse... Em todos os posts deu vontade de ir até lá...
ResponderExcluirjá sei onde isso vai dar! hauahuahuaa
ResponderExcluirhttp://blogdocharque.blogspot.com/
Meu DEUS que historia!!!!
ResponderExcluirSeu blog e muito bom show de conteúdo, parabéns e sucesso.
Leandro
www.emquestao.org
comente e siga!
Adorei o ultimo post,achei teu blog na comunidade do orkut,bom depois do que li e adorei,nem sei mais se mando o meu blog hehehe,mas dá uma olha ae.
ResponderExcluirhttp://lusansone.blogspot.com/
Que conteúdo maravilhoso. Boa história.
ResponderExcluirhttp://boomnaweb.blogspot.com/
otimo texto , história cativante ...
ResponderExcluirmeu blog:http://andyantunes.blogspot.com/
Você tem muito talento. Parabéns.
ResponderExcluirTexto de qualidade e uma história fabulosa.
http://villacosmetica.blogspot.com
Olá... que história hein?
ResponderExcluirMuito bom seu blog... parabéns pelas palavras...
To te seguindo
Até!
http://dedeaninha.blogspot.com/
agora entendo melhor as histórias :d
ResponderExcluirEu não gosto de ler, mas esse seu texto foi muito bem escrito. Igual a amiga ai em cima disse é agradável de ler. Sério mesmo. ^^
ResponderExcluirTe seguindo a partir de agora, me segui se quiser. Ok? Bjin ^^
http://anjosceticos.blogspot.com/
Adorei a sua história, muito boa mesmo (Y) você escreve muito bem
ResponderExcluirA História vai mudar de foco? Sairá da perspectiva da Marianna?
ResponderExcluirNão ter com quem deixar um filho é uma das situações mais limitadoras para quem precisa trabalhar.
Adorei a Historia.. vc tem um dom!! parabens
ResponderExcluirBem legal o texto principalmente pela riqueza de detalhes, e a linguagem de facil entendimento.....escreve bem.....parabéns.
ResponderExcluirwww.bigodaostudio.blogspot.com
e a cada hora q passa envelhecemos 10 semanas!!!
ResponderExcluirmarianna e as músicas...
http://filosofossuicidas.blogspot.com/
as mil fases de mariana
ResponderExcluirVocê poderia juntar os seus posts e criar um livro.
ResponderExcluirSe a pessoa não vem sempre ela acaba não entendendo os rumos que a história tomou.
Vou tirar um dia para ler os posts que eu perdi,
Abraaaços!
O hippie da ONG dá um bom personagem.
ResponderExcluir@sand_dejesus
ResponderExcluirTodos acham que publicar um livro é muito fácil...
Se o escritor não tiver o QI (quem indica), a situação é bem complicada...
Os posts estão todos aí, fique à vontade...Quem lê um post se interessa é só voltar no começo...
Ultimamente eu nem ando escrevendo com tanta frequencia, como no início...
Bia, obrigada... O seu blog é muito apreciado por mim, tenho divulgado... Obrigada por sua contribuição em seus postes.
ResponderExcluirBjs
Eu gostei, suas historias sempre fantasticas.
ResponderExcluirOlá...
ResponderExcluirobrigada pela visita e seja sempre bem vinda...
adorei o texto..
gosto muito d ler e fiquei envolvida com a história
era como se tivesse vivendo cada momento do texto..
muito interessante...
=D
Parabéns!!!
Q vc tenha um lindo dia
e desde já desejo um fds abençoado...
Bjussss
Acho tão estranho e interessante quando a vida e o universo faz destas coisas... Eu tenho aquela mania de achar que nada é por acaso...
ResponderExcluirTomara que assim seja!
hehehehe
;D
Intenso, inusitado e engraçado. Amei seu cantinho *-*
ResponderExcluirconcordo com o primeiro comentário esses seus post dão um livro
ResponderExcluirEu andei dando uma olhada.. e acho que comentei meio que geral em seu blog!! hehehheeh
ResponderExcluirSempre bom reler!
;D
Aaai que lindo, você encontrando a Marianna!!!... Ok, agora sabemos que você não é a Marianna.
ResponderExcluirE agora fiquei com mais vontade ainda de ler tudo isso.
E o que Marianna é exatamente? Pensei em assistente social mas pra isso precisa ser graduado né...
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